Casa de Parto de São Sebastião
O nascimento é o ponto de início da vida. Ao longo dos anos foram desenvolvidos métodos e intervenções de forma excessiva. Hoje em dia, mães como: Rafaela, Jaciara, Danielly e Vani buscaram os métodos mais naturais e sem intervenções desnecessárias para dar à luz, em um local que oferece amparo para as mães durante o pré-natal, parto e pós-parto. É aqui que nossas histórias começam.
É em São Sebastião, no Distrito Federal, que está localizado o único local público onde são realizados partos normais. A Casa foi fundada em 2001, mas foi a partir de 2009, por decisão da SES-DF, que os médicos e enfermeiros que trabalhavam no local foram distribuídos para outras redes de saúde.
Desde então, apenas enfermeiros obstetras e técnicos de enfermagem são responsáveis pelos partos. A equipe oferece atendimento às mulheres que desejam ter o parto normal, focando no respeito e na escolha das mães.
Luciana explica que o local foca em atender mães com gravidez de baixo risco. “Nós temos um protocolo e é por ele que vamos definir quais são as pacientes que vão ter o bebê, se a mãe atender os critérios do protocolo, ela pode ter o bebê aqui”, afirma. Porém, caso a mãe esteja em trabalho de parto, e não esteja dentro dos critérios de protocolo ou esteja correndo riscos, os enfermeiros da Casa de Parto transferem as pacientes para o Hospital do Paranoá, que é a rede hospitalar mais próxima.
De acordo com ela, a Casa é um Centro de Parto Normal (CPN) e funciona como se fosse um “pedacinho” do Hospital do Paranoá. São feitos em média 40 partos por mês. A Casa de Parto é uma unidade da SES-DF e a Rede Cegonha é um programa que faz parte da secretaria que garante o atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres.
A estrutura
Ao entrar, me deparei com uma mulher, era segurança da Casa de Parto, me apresentei e fui informada que a supervisora do local já iria me atender para começarmos a entrevista. Durante a espera, observei que atrás da mulher havia um corredor com 4 salas que é onde as mães são acolhidas para realizarem os partos. Luciana me mostra as salas. Todas são iguais. Elas possuem camas, banquetas, bolas e em um dos quartos possui uma banheira onde são feitos os partos na água.
Arraste para o lado para conhecer por dentro da Casa de Parto
Atendimento
Em um mural que fica em frente ao balcão de atendimento da Casa, estão coladas fotos de mães sorridentes com seus filhos no colo, e acompanhadas pelos parceiros. São lembranças que tomam lugar nas paredes da Casa.
Além disso, existe um espaço feito pelas próprias enfermeiras da Casa onde as mães podem caminhar e amamentar seus bebês logo após o parto. Nas paredes estão escritas mensagens de agradecimento das mães e de carinho à equipe de enfermeiros e técnicos pelo cuidado que receberam durante o atendimento. O espaço composto por plantas, pinturas e escritas nas paredes é de paz e acolhimento.
A supervisora explica que para ter o bebê na unidade, a paciente precisa seguir com os protocolos oferecidos pela Casa. Então a mãe precisa ter consultas de pré-natal, as taxas dos exames precisam estar normalizadas, a mãe não pode ter diabetes e o bebê precisa estar na posição certa para nascer.
Luciana afirma também que a mãe precisa estar em fase ativa de trabalho de parto - é quando as contrações ocorrem em intervalos curtos e de forma intensa. “Ela vai se acompanhada de tempos em tempos para ver como é que tá a evolução daquele trabalho de parto e ver se está tudo bem. E aí vai evoluindo até o nascimento do bebê”, explica Luciana.
Logo após o nascimento do bebê, a Casa de Parto permite que a mãe seja a primeira a ter o contato pele a pele com o bebê durante 1 hora porque é ali que será criado o primeiro vínculo e além disso, estimula a amamentação. O acompanhante também tem direito de cortar o cordão umbilical. Após este vínculo ser estabelecido, os médicos realizam os primeiros cuidados.
A enfermeira explica que no pós-parto, mãe e bebê recebem a atenção necessária até a saída da Casa. A observação dura em média 26 horas, mas caso haja alguma complicação, a atenção é prolongada até a alta dos pacientes. De acordo com Luciana, durante este período os médicos fazem testes do pézinho e do coraçãozinho do recém-nascido, além de avaliarem a mãe e garantir que ela consiga cuidar e amamentar o seu bebê em casa.
Ela ressalta que após a paciente receber alta, elas são recomendadas a levar o bebê à Unidade Básica de Saúde (UBS) para que seja feita uma avaliação completa do recém-nascido. Além disso, a unidade conta com um posto de coleta de leite humano, o espaço oferece apoio às mães que tiveram seus bebês na Casa de Parto e para aquelas que não tiveram. “A gente faz todo esse acompanhamento de bebês com dificuldade ou ganho de peso ou até gestante quiser vir para orientação”, diz.
Houve uma época em que as mães de todas as regiões do DF eram atendidas. Luciana diz que por decisão da Secretaria de Saúde, a Casa passou a atender apenas as mulheres da região leste, abrangendo locais como: São Sebastião, Jardim Botânico, Paranoá, Jardins Mangueiral e Itapoã. “Tinha uma época em que a mulher ficava peregrinando, ela chegava no hospital não tinha vaga lá, ia para outra. Então eles fizeram isso para que a mulher tivesse garantia que na região dela ela tivesse o nascimento do bebê”, afirma.
"Agradecemos de coração à todos da equipe Casa de Parto". Mensagem de um pai marcada nas paredes do local. Foto: Giulia Rodrigues