“Eu gostaria de parir lá”
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Rafaela com seus filhos, Thor e Maitê. Foto: arquivo pessoal
Começou em 2014. Rafaela Rodrigues mal sabia que a Casa de Parto de São Sebastião faria parte da história de sua vida. Rômulo Fiuza, marido de Rafaela, na época estava fazendo curso técnico de enfermagem e foi fazer estágio na Casa de Parto. Ao chegar em casa, comentou com a esposa sobre o local.
O marido descrevia a Casa e ela imaginava como seria o local. “Imaginava uma casa dentro de um lugar cheio de plantas e árvores. Afastada da agitação da cidade”. Durante a conversa explicou que naquela época nem passava pela cabeça em ser mãe, mas pensou que quando tivesse filho, com certeza seria lá.
Passaram-se dois anos. Rafaela descobriu que estava grávida do seu primeiro filho, o Thor, que hoje tem 7 anos. Finalmente havia chegado o tão esperado momento de ter o seu bebê onde sempre imaginou.
Desde que engravidou, Rafaela, mesmo sendo acompanhada pelo seu plano de saúde particular, sempre informou ao seu médico obstetra que queria ter seu filho na Casa de Parto. Rafaela conta rindo que na época sua mãe não gostou da ideia da filha fazer o parto na rede pública de saúde.
Nascimento dos filhos
Foi em uma noite de sábado que tudo aconteceu, Rafaela estava em casa quando começou a sentir as contrações, ligou para doula que a acompanhou até a Casa de Parto. Chegou com 8 cm de dilatação (o que é insuficiente). Ela foi atendida por um enfermeiro, que fez todo o acompanhamento e a encaminhou para o quarto onde explicou as opções disponíveis para realizar o parto. Rafaela diz que sempre quis fazer o seu parto na banheira, mas naquele momento optou por escolher outro formato de parto para assim ter a companhia do marido.
O ambiente era de aconchego, e ao relembrar do acolhimento Rafaela sorri. Ela afirma que se tivesse feito seu parto em um hospital particular o atendimento seria diferente. “Eles - o hospital - já tinham me enfiado numa cesárea, porque eu gritava. Eu não estava sabendo parir, e eu já tinha feito fisioterapia pélvica para aprender a fazer isso. Só que na hora tudo é diferente”, diz.
Para ela, ter um parto normal e da forma mais respeitosa se tornou memorável. A mãe se emociona ao descrever o momento do nascimento do filho. "Foi do jeitinho que eu planejei, do jeitinho que eu pedi a Deus. E o que eu mais queria era que não tocassem em mim e nem no meu filho. Falei: deixa eu e meu filho se preparar para isso”, compartilha.
O parto de Maitê, filha mais nova de Rafaela não foi tão diferente, ela descreve o momento como se estivesse vivendo o primeiro parto. Deu entrada na Casa e foi acolhida desde que chegou. Ela conta que quase cometeu o mesmo erro que aconteceu no parto de Thor: segurar a dor - não fazia o expulsivo e ficava mais tensa na hora da dor. No entanto, a orientação da enfermeira fez toda a diferença.
- Faz um expulsivo longo. - o expulsivo longo é um termo utilizado para fazer uma força intensa sem parar.
A instrução de enfermeira foi crucial. “A minha filha saiu, e foram duas contrações. Foi só esse detalhe dessa palavra que ela falou, que a minha filha saiu rapidinho. Então assim, no meu primeiro parto eu tive algumas instruções, principalmente na posição, e no meu segundo parto eu tive a palavra correta que fez a total diferença”, afirma Rafaela.
Economia e experiência
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), o valor de um parto em um hospital particular custa em média R$ 15 mil. A mãe conta que a decisão de ter o bebê na Casa de Parto impactou significativamente na economia dela e do marido. “Como eu economizei, falei pro meu marido que economizamos muito. A gente gasta com plano de saúde, mas na hora sai mais caro”, comenta impressionada.
O obstetra e amigo do casal tentou convencer Rafaela de realizar o parto no hospital particular, mas sua decisão não mudaria de forma alguma. “Eu pari em menos de uma hora, a gente ia pagar R$ 9 mil para o médico e mais R$ 15 mil pro hospital”, conta.
Rafaela conta que teve seu parto acolhido e respeitado, e descreveu a humanização do parto como uma experiência incrível. “O clima na casa de parto não é pesado. Acho que isso também influencia muito na hora que você entra, não é aquele clima pesado de hospital. É um clima colorido e leve”, afirma.